sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A HOMOFOBIA NO BRASIL

Introdução
A homofobia pode ser entendida como uma atitude de hostilidade perante os homossexuais, seja com uma rejeição irracional ou ódio, quanto a qualificar gays e lésbicas como inferiores, contrários e até mesmo anormais.
Esta hostilidade levou a questão ser problematizada diferente de como acontecia anos atrás, pois a atenção agora vai além de estudar o comportamento homossexual, e foca principalmente nos motivos que levaram essa forma de orientação sexual ter sido considerada desviante no passado. Não é mais apenas uma questão homossexual, mas a homofobia merece, a partir de agora, uma problematização particular.
1  Objetivo
O objetivo central desta pesquisa é analisar a problemática homofóbica, partindo das atitudes antigas que se transformaram com o passar do tempo no Brasil.

Específicos
Busca de forma clara explorar o assunto, enquanto passa a ser entendido as estáticas de crimes cometidos contra gays, transexuais, lésbicas e travestis, bem como pretende apresentar o perfil das vítimas, desde a raça e idade até a relação do suspeito e as vítimas, e dados sobre a ocorrência desses casos no Brasil.
2.    Justificativa
O presente trabalho adotou a temática da homofobia por ser um problema que tem se intensificado ainda mais com o declarado ódio de líderes religiosos junto de seus fiéis seguidores que se recusam a aceitar tipos de família não-tradicionais.
O Brasil, por um lado, busca a inclusão da fatia LGBT no país como cidadãos normais, e por outro, envolve-se em uma situação receosa por conta do tema, uma vez que ao gerar leis específicas para resolver, mesmo que parcialmente, as ocorrências de crimes de ódio contra gays, eles vão gerar polêmica em parte da população que ainda não vê o “comportamento” com naturalidade, principalmente os que seguem alguma religião menos tolerante.
A pesquisa mesmo não induzindo qual a maneira mais correta de se viver, não pode deixar de lado os dados de levantamentos que revelam que ao menos uma vítima de homofobia e transfobia é morta a cada 28 horas, um número muito preocupante, pois a maioria das vítimas são mortas de forma brutal, sem nenhuma chance de fugir, em uma situação que vai totalmente contra os direitos humanos de qualquer cidadão.
            Junto da xenofobia, o racismo e até o antissemitismo, essas manifestações de repulsa continuam sendo problemas de proporções mundiais, tendo grande relevância no cenário que nos encontramos atualmente, mostrando que por mais que o modo de pensar e agir tenham se tornados mais tolerantes, os casos citados acima mostram que a situação está longe de ser extinta.
3.    Metodologia
Para que fosse possível uma pesquisa em âmbito nacional, a metodologia de análise adotada consiste na coleta de textos, notícias e relatórios realizados por entidades defensoras do público LGBT, que colheram dados enfocados nos crimes de ódio.
Em documento completo da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), publicado no ano de 2012, temos a reunião de variáveis pertinentes (com base no Disque 100/SiMec) para nosso estudo, como vemos a seguir:
(i)           Grupo de violação; UF; município; bairro; data; tipo/subtipo de violação; frequência; local da ocorrência;
(ii)          Relação vítima/demandante; relação vítima/suspeito;
(iii)         Perfil da vítima: Sexo; identidade de gênero; orientação sexual; raça/cor; idade vítima; deficiência; situação de rua;
(iv)         Perfil do suspeito: Sexo; identidade de gênero; orientação sexual; raça/cor; idade vítima; deficiência; situação de rua.
(iv)
Torna-se válido informar algumas considerações referente às limitações que existe no uso de dados quantitativos no estudo das violações dos Direitos Humanos. Há uma dificuldade em obter dados que são confiáveis, uma vez que as unidades da federação não têm obrigatoriedade em reportar os dados referentes à segurança pública, que em muitos casos ocorre ausência de campo voltado à orientação sexual, identidade de gênero e escassez de dados demográficos da população LGBT.
O mesmo documento usado para nortear o trabalho, mostra que o Censo IBGE 2010 apresenta dados sobre a coabitação com parceiro do mesmo sexo, totalizando 60.002 brasileiros na época que se enquadram nessa situação, mas o Censo Demográfico e Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios deixam de lado perguntas relacionadas a identidade de gênero ou orientação sexual.
A SDH/PR conta com dados coletados a partir do Disque Direitos Humanos (Disque 100), que vem se consolidando como o principal canal de denúncias relacionadas às violações de natureza homofóbica.
Todos os dados obtidos foram analisados sobre uma mesma linha de raciocínio, delimitando-se a não se apresentado de forma pessoal explicitando a opinião de uma pessoa específica, tratando o assunto como um problema grande, no Brasil e em outros países como Síria, Uganda e outros.

4.    Levantamentos
O termo homofobia vem das palavras gregas: homo, significando igual, e phobia, que significa medo. Logo, podemos afirmar que significam juntas aversão, ódio ou receio por pessoas que se relacionam sexual e afetivamente com indivíduos do mesmo sexo. Um conceito amplo para uma única palavra, mesmo que torne a interpretação do termo deturpada, já que a maioria das pessoas não tem medo do homossexual. Na verdade, o que surge é um pré-conceito em relação a um grupo diferente daquele de convivência.
A homofobia é um fenômeno complexo e variado. Está em piadas vulgares usadas para ridicularizar o indivíduo efeminado, e também é revestido de formas brutais, chegando inclusive à exterminação, como foi o caso na Alemanha nazista. O preconceito tem a função de agravar as diferenças, colocando aqueles que o sofrem em situação de fraqueza, considerando que os praticantes sempre tem uma visão estereotipada daquilo que ele julga certo e errado. A discriminação das minorias acontece justamente quando há um dominador.
Se for considerá-los assim, deveríamos dizer que o homossexual é culpado do pecado, sua condenação moral seria necessária. Se seus atos sexuais e afetivos são considerados quase como crimes, então sua punição deveria ser na melhor das hipóteses, o exílio, e na pior, a pena capital, como ainda acontece em alguns países.
A homofobia implica ainda numa visão patológica da homossexualidade, submetida a olhares clínicos, terapias e tentativas de “cura”.
Melhor que redigir muito sobre a situação atual do Brasil neste trabalho, optamos por mostrar dados levantados em diversos relatórios de pesquisas renomadas, como abaixo:
Em 2012, foram registradas pelo poder público 3.084 denúncias de 9.982 violações relacionadas à população LGBT, envolvendo 4.851 vítimas e 4.784 suspeitos. Em setembro ocorreu o maior número de registros, 342 denúncias. Em relação a 2011 houve um aumento de 166,09% de denúncias e 46,6% de violações, quando foram notificadas 1.159 denúncias de 6.809 violações de direitos humanos contra LGBTs, envolvendo 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos.
De acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), em um ano chegaram ao número de crimes de repúdio de 186 gays, 108 transexuais, 14 lésbicas, 2 bissexuais e 2 héteros mortos, confundidos com homossexuais.  Entre 2013 e 2014, já foram documentados 312 assassinatos de gays. O levantamento de mortes inclui 10 suicidas gays que tiveram como motivo de seu desespero não suportar a pressão homofóbica, como aconteceu com um jovem de 16 anos, de São Luís, que se enforcou dentro do apartamento.
Outro dado importante na caracterização sociodemográfica da população LGBT é a raça/cor autodeclarada. Negros (pretos e pardos) totalizam 40,55% das vítimas; seguidos por brancos, com 26,84%. Quanto à faixa etária das vítimas, a grande maioria concentrase na população jovem, com 61,16% de vítimas entre 15 e 29 anos.
Novamente referente aos dados das denúncias realizadas no mesmo ano, foi analisado a relação entre o suspeito denunciado e a vítima, temos que 58,9% das vítimas conheciam os suspeitos, enquanto 34,1% eram desconhecidos. Ainda no grau de relação entre os envolvidos, os vizinhos aparecem mais frequentes nas estáticas, com 20,69%, seguido de familiares com 17,72%. Entre os familiares, destacamse os irmãos, com 6,04% das ocorrências, seguidos pelas mães e pais, com 3,93% e 3,24%, respectivamente. Na categoria “outras relações”, que soma 9,89%, incluise relações menos recorrentes, como empregador, excompanheiro, professor.
Violências homofóbicas acontecem tanto em espaços públicos (como ruas, estradas, escolas, instituições públicas, hospitais e restaurantes), quanto em espaços privados, como se pode denotar com os dados de 2012. 38,63% das violações ocorreram nas casas – da vítima (25,54%), do suspeito (7,76%), de ambos ou de terceiros. Seguido pela rua, com 30,89% das violações e outros locais com 19,88% das denúncias.
Foi verificado também que violências psicológicas foram as mais reportadas, com 83,2% do total, seguidas de discriminação, com 74,01%; e violências físicas, com 32,68%. Também há significativo percentual de negligências (5,7%), violências sexuais (4,18%) e violências institucionais (2,39%).
Dois anos depois, o Brasil continua sendo o campeão mundial de crimes homo-transfóbicos, segundo agências internacionais,  concentrando quatro quintos (4/5) de todas execuções do planeta, sendo que  40% dos assassinatos de transexuais e travestis no ano passado foram cometidos no Brasil.
Os estados que lideram a violência são Pernambuco e São Paulo, onde mais vítimas foram assassinadas. Já os estados de Roraima e Mato Grosso são considerados os mais perigosos para esse segmento. Manaus e Cuiabá foram as capitais onde se registraram mais crimes homofóbicos.
Neste sentido, consideramos que a violência contra a população LGBT no Brasil ainda existe em níveis alarmantes, o que exige que os governos Federal, estaduais, Distrital e municipais desenvolvam políticas públicas eficazes e articuladas para o enfrentamento dessa violência. A diferença não pode ser justificativa para a violência, muito menos conceitos como “relações naturais” podem justificar a existências de grupos especializados em crimes de ódio contra a população LGBT.
Casos
Dentre os inúmeros casos que fazem parte dos números citados acima, apresenta-se alguns em poucos detalhes abaixo.
·      Marcos Vinícius de Souza - O jovem de 19 anos foi morto a facadas no Parque do Ibirapuera ao se afastar de seus amigos para urinar.
·      Wanderson Silva - 17 anos, foi encontrado jogado em um matagal, em João Pessoa (Paraíba), com um tiro na cabeça e marcas de espancamento pelo corpo. O jovem gay teve o cabelo raspado e colocado dentro de uma sacola plástica, encontrada próxima ao cadáver, junto com seu enchimento para seios.
·      Alisson Silva Lima Bezerra - 15 anos, foi encontrado morto em Fortaleza.  Ele foi assassinado com golpes de facão.
·      Sérgio Ricardo Chadu – 51 anos, o funcionário público de Uberlândia era homossexual assumido e foi assassinado a tijoladas, sofrendo um esmagamento do crânio.
·      Nome não revelado – 19 anos. O rapaz havia sido agredido por dois homens em Betim, e cinco dias depois, foi obrigado a entrar em uma Kombi pelos mesmos homens, teve seus cabelos e barba queimados e os braços machucados. Os homens rezavam e pediam perdão pelos pecados do rapaz. Foi abandonado com vida junto de uma carta que dizia que aquilo foi limpeza em Betim e trazer o fogo da purificação a cada um que andar nas ruas declarando seu 'amor' bestial.

5.    Referências Bibliográficas
LIONÇO, Tatiana; DINIZ, Débora (org.). 2009. Homofobia e Educação, um desafio ao silêncio. Brasília: Letras Livres.
WAISELFISZ, Júlio Jacobo. 2011. Mapa da violência 2012: os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari.
WAISELFISZ, Júlio Jacobo. 2012. Mapa da violência 2012: a cor dos homicídios no Brasil. Rio de Janeiro: CEBELA, FLACSO; Brasília: SEPPIR/PR.
BELATO, Clara e PEREIRA, Eduardo. 2010. “Sexualidade e Direitos Humanos” em: Revista Internacional de Direito e Cidadania.

SECRETARIA DOS DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Relatório sobre a Violência Homofóbica no Brasil: Ano de 2012. Disponível em: http://www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/pdf/relatorio-violencia-homofobica-ano-2012. Acesso em 27 de Novembro de 2014.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Resenha: O Grande Ditador - Charlie Chaplin

                O filme de 1940 “O Grande Ditador” é o primeiro filme falado de Charlie Chaplin, foi feito na época da Segunda Guerra Mundial, retratando esse período nazista propagado principalmente por Hitler e Mussolini, sendo estes dois personagens interpretados neste filme sob os nomes de Adenoid Hynkel e Benzino Napoloni (sobrenome referente a Napoleão Bonaparte), respectivamente. O começo do filme avisa que é uma história entre as duas guerras Mundiais, que foi um intervalo separado pela insanidade.
Os tomanianos (Tomânia: país fictício) são atacados pelos inimigos na Primeira Guerra Mundial, e após um acidente de avião que levava o cadete interpretado por Chaplin e o soldado Schultz, eles recebem a notícia que a guerra acabara e seu país perdera. O cadete não reage bem ao acidente e vai parar no hospital em estado de amnésia. Anos mais tarde, o personagem “barbeiro judeu” sai do hospital sem saber dos acontecimentos e mudanças ocorridas em Tomânia: constantes revoltas no país e também Hynkel reinando como ditador, e pondo o fim ao direito da livre expressão.
            Segue-se um discurso oficial feito por Hynkel dizendo que o país precisa ser reerguido, e como ele mesmo afirma: “democracia é uma praga, a liberdade odiosa, e a liberdade de expressão, repreendida”. No final do discurso, a ascensão do ditador é mostrada pelo público fazendo sinal de reverência ao próprio. Outro fato curioso se dá na volta de Hynkel ao Palácio, onde no caminho várias estátuas famosas também fazem reverência ao ditador.
            A personagem Hannah é introduzida na história, uma moça que perdeu seus pais recentemente, não tem trabalho e por isso ajuda o Senhor Jaeckel que se recusou deixá-la na rua. Hannah é uma moça corajosa, fato comprovado quando os soldados arianos saem falando que são a raça superior e se sentindo no direito de destruir lares e lojas dos judeus, com isso a moça os confronta afirmando que sozinhos eles não seriam nada, são valentes apenas juntos.
            O barbeiro judeu desaparece do hospital acreditando ter se passado apenas algumas semanas após sua estadia por lá. Retorna ao seu local de trabalho no “gueto judeu” e se estranha ao ver sua barbearia toda empoeirada, não era pra menos, o lugar passara muitos anos abandonado. As casas e lojas de judeus eram marcadas com tintas para serem identificadas pelos outros soldados, a barbearia do personagem também recebera o aviso de “Judeu” nas vidraças do local.
O barbeiro se encontra em uma grande confusão ao desafiar os soldados de Hynkel, sem saber que eles tinham muito poder em mãos sobre os judeus, ou ao menos, acreditavam ter por se acharem superiores. Hannah ao ver o que estava acontecendo, trata logo de ajudar o personagem e o salva dos soldados. Porém, o personagem foi mais uma vez abordado pelos soldados, e estava prestes a ser enforcado pelo batalhão, até que Schultz, que recebera muitas promoções durante os anos, aparece e reconhece o barbeiro que o salvou da Primeira Guerra Mundial, ordenando aos soldados que o deixasse em paz.
            Hynkel se vê na necessidade de fazer um empréstimo para conseguir invadir Osterlich (país fictício que faz referência a Áustria), porém sua única opção é Epstein, um bancário judeu, então o ditador propõe que a perseguição contra judeus seja diminuída até conseguirem o empréstimo. Osterlich é o país de refúgio aos judeus. A trégua perante os judeus começa de imediato, com os próprios soldados tratando os judeus sem que indiferença, pelo contrário, dando esperanças ao povo do “gueto”.
            O ditador agora aspira a dominação mundial, uma vez que está obcecado pelo poder e com a ideia de ser o ditador que domina o mundo todo. Com isso, tem-se uma das cenas do filme mais interessantes, com Hynkel encantado com a possibilidade de se tornar imperador do mundo, ele sobe na cortina seguida de uma dança célebre, em que ele dança com um globo inflável, almejando ser o imperador do mundo, e para terminar, o globo estoura nas mãos do ditador, uma cena genial de Chaplin.
            A invasão de Osterlich é atrasada por Epstein ter negado o empréstimo por se “queixar das repercussões ao seu povo e não querer fazer trato com um maníaco da Idade Média”. Por conta disso, Hynkel reinstaura a perseguição contra os judeus.  O general Schultz é mandado a um campo de concentração após se mostrar contra a invasão ao gueto como planejado por Hynkel. Enquanto a repressão aumenta, os judeus começam a planejar a mudança para Osterlich, bem como planejam tirar o poder das mãos de Hynkel, com a ajuda de Schultz que escapara.
O barbeiro e o comandante são procurados pelos soldados, o primeiro para ser interrogado pelo desaparecimento do segundo. Os dois são capturados escondidos nos telhados do gueto e são aprisionados. Enquanto isso, mais pessoas do gueto, como Hannah e Senhor Jaeckel, vão em busca de liberdade nas terras de Osterlich.
            Hynkel se desespera com a informação que o exército de Napoloni estava posicionado na fronteira de Osterlich. Então, Hynkel convida o ditador de Bactéria para uma visita em Tomania para discutirem um tratado para que nenhum dos dois países invada Osterlich, sendo no final das contas, mais uma luta entre os dois ditadores para demonstrarem quem é o superior. Os dois ditadores se desentendem, pois Hynkel quer que que Napoloni retire primeiros suas tropas da fronteira de Osterlich para depois assinar, já Napoloni quer que o tratado seja assinado antes de retirar sua tropa da fronteira. Por fim, Hynkel cede e assina o tratado.
            O general Schultz e o barbeiro fogem da prisão usando uniformes oficiais, enquanto o barbeiro é confundido com o ditador, Hynkel é confundido com o barbeiro que fugira, e é levado pelos soldados no lugar do fugitivo. Osterlich é tomada pelos soldados de Hynkel, no mesmo momento que o gueto judeu é destruído.
            O barbeiro no papel do ditador vai para a capital de Tomânia, e se prepara para dar um discurso de vitória. Em um longo e emotivo discurso, o barbeiro diz que não quer ser um imperador do mundo, apenas quer ajudar a todos, sejam judeus, gentios, negros ou brancos, pois a Terra é um lugar que cabe todo mundo e é capaz de alimentar a todos. Esbraveja palavras de liberdade e amizade entre os judeus e seus compatriotas. Orienta os soldados a pararem de seguir ordens de ditadores que tem máquinas no lugar do coração e do cérebro, e sabendo que o discurso estava sendo transmitido na rádio, termina por mandar um recado a Hannah. 
"Hannah, está me ouvindo? Onde quer que esteja, olhe para cima! Olhe para cima, Hannah! As nuvens estão subindo, o Sol está abrindo caminho! Estamos fora das trevas, indo em direção à luz! Estamos indo para um novo mundo; um mundo mais feliz, onde os homens vencerão a ganância, o ódio e a brutalidade. Olhe, Hannah!".
       

domingo, 27 de maio de 2012

Resenha: Tempos Modernos - Charlie Chaplin


O filme Tempos Modernos, de 1936, cujo personagem principal é o Vagabundo, retrata os tempos da Revolução Industrial, com o desemprego em massa em meio ao novo mundo: moderno e industrializado.
O filme começa com muitos funcionários indo ao trabalho tendo a supervisão do presidente da empresa que os monitora o tempo todo, sendo uma referência ao personagem “Big Brother” de George Orwell e sua conhecida frase: “O Grande Irmão está te observando”. Esse monitoramento é tão excessivo e exagerado que ocorre nos curtos períodos de descanso dos funcionários, bem como em lugares como banheiros, o que mostra que a privacidade individual não era respeitada.
Naquela época, visavam o aumento da produção, o que sofreu grande mudança já com a entrada das máquinas, e reduzir o tempo ocioso dos funcionários, então além das máquinas modernas, queriam reduzir os períodos de descanso deles para que a produção mantivesse um ritmo constante ou até que ele seja aumentado. Este fato é comprovado com a introdução de uma máquina alimentadora que tiraria a necessidade da hora do almoço.
O grande abuso na jornada de trabalho é apresentado nesse meio tempo, que é quando as máquinas param para a hora do almoço, e Charlie continua fazendo os movimentos com as chaves mesmo sem ter mais parafusos para apertar e durante um período consideravelmente grande de tempo. Em seguida, usam o personagem como cobaia para a máquina alimentadora, a qual após admirável desempenho começa a apresentar defeito atrás de defeito, causando desinteresse por parte do chefe.
                O personagem começa a apresentar sinais que está incontrolável e que está passando por uma “crise nervosa” após tanto tempo trabalhando como escravo, este comportamento pode ser justificado pela cansativa e exaustiva jornada de trabalho que os funcionários eram submetidos. Ele é levado ao hospital, e ao sair de lá, se depara com as fábricas fechadas pelos funcionários terem entrado em greve.
                Em busca de uma nova vida, o personagem acaba se juntando a um protesto, mesmo que sem querer e sequer notar, e acaba sendo confundido como o líder do protesto e termina sendo preso.
                Em seguida, o filme apresenta a dura realidade da época por nos apresentar uma jovem que precisa roubar junto de suas irmãs para garantir que sua família tenha alimentos para sobreviver. Em um dos confrontos com a polícia por parte dos desempregados, o pai da jovem personagem acaba sendo morto por tiros, deixando ela e suas irmãs órfãs nas mãos da lei, e provavelmente iriam para a adoção, mas a irmã mais velha consegue fugir dos homens que levaram suas duas outras irmãs. 


        O personagem de Chaplin ganha liberdade da prisão após ajudar a polícia a se livrar de criminosos que os prenderam nas celas e pretendiam fugir. 
- Você é um homem livre.
- Posso ficar mais um pouco? Sou tão feliz aqui.
- Esta carta o ajudará a conseguir emprego. Agora saia e faça o bem.
Hesitado em deixar a prisão, o personagem logo falha em seu primeiro emprego conseguido com a recomendação do delegado. O personagem é levado pela polícia outra vez por, propositalmente, consumir o máximo que podia numa cafeteria e informar ao policial que estava sem dinheiro para pagar. Ao ser levado, ele encontra com a jovem que havia roubado um pão. A garota, num momento de desespero, atrapalha o policial que protegia a saída do automóvel da polícia, fazendo com que o automóvel perdesse controle e lançando para fora a jovem, Chaplin e o policial. Chaplin diz para a jovem fugir, e esta convence o Vagabundo a ir com ela.
Juntos e imaginando como seria ter uma vida tranquila numa casa bonita [uma idealização do que seria a vida perfeita para os “desesperançosos” daquela época], eles se veem na necessidade de encontrar um emprego. Charlie vai atrás e consegue uma vaga como vigia noturno, esta foi a oportunidade para que ele e a menina se alimentassem fartamente no local de trabalho ao mesmo tempo que pudessem usufruir o quanto quisessem dos outros departamentos da loja. Em seu primeiro dia de trabalho, a loja em que trabalha é invadida por ladrões, mas um deles reconhece Charlie porque ele também trabalhava na fábrica que Charlie costumava trabalhar, e diz que não são ladrões, apenas estavam famintos.
Por ser encontrado dormindo meio à peças de roupas, o personagem é demitido, e após uma rápida passagem pela delegacia, recebe a notícia que a jovem encontrou uma casa para eles. “É um paraíso” diz ao se deparar com uma pequena casa de madeira que estava caindo aos pedaços.
Ao ler no jornal que as fábricas estavam sendo reabertas, o personagem corre em busca de uma nova oportunidade de trabalho e consegue um emprego como assistente de mecânico para que consertassem as máquinas que ficaram por muito tempo paradas. Todavia, os funcionários entram mais uma vez em greve. A jovem moça consegue um emprego como dançarina em um bar. Após semanas vai ao encontro de Charlie, que fora preso outra vez pelo seu jeito atrapalhado, e ela consegue um emprego para ele no mesmo bar.
                Ao ir se apresentar, a jovem é reconhecida por dois homens que querem levá-la para a delegacia, porém ela consegue fugir. O filme termina com os dois personagens indo embora sem um rumo definido atrás de um novo começo em outro lugar, fora aquele.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Propaganda Nazista



Cartaz de propaganda nazista encorajando os alemães saudáveis a constituírem grandes famílias. A legenda, em alemão, diz: "Pais saudáveis têm filhos saudáveis." Alemanha.  Poster de data incerta.A prática de se fazer programas políticos se tornou comum na década de 30 na Alemanha, por conta de Joseph Goebbels que era o ministro da propaganda no governo nazista. Hitler tinha objetivo constante de fazer uma propaganda popular que atingisse as massas e que fosse repetitiva, a propaganda nazista tinha como pretensão afetar o emocional dessas grandes massas, gerando uma concepção apaixonada sobre a mensagem emitida. Com esta propaganda, queriam garantir que a mensagem nazista fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa. O cartaz de propaganda nazista ao lado, está encorajando os alemães saudáveis a constituírem grandes famílias. A legenda, em alemão, diz: "Pais saudáveis têm filhos saudáveis."

Em 1933, quando Hitler conquistou o poder na Alemanha, Goebbels priorizou a utilização do rádio, assumindo o controle do conteúdo e o comando da própria indústria de receptores. Como resultado da estratégia, Alberto Dines busca um dado estatístico provável do número de ouvintes em todos os países europeus atingidos por transmissões em língua alemã, citado por Gordon A. Os quatro milhões de ouvintes em 1933 saltaram em apenas um ano para 29 milhões e para 97 milhões em 1939, quando começou a Segunda Guerra Mundial. O alinhamento da imprensa alemã com o nazismo se dá em 1929, quando Hugenberg se une a Hitler. “A abrangência que os nazistas obtiveram ao se aliarem à gigantesca organização de comunicação permitiu que eles difundissem suas idéias em grande escala através dos meios impressos”.

Nos doze anos de nazismo, foram produzidos mais de 1300 filmes, de comédias, musicais a filmes de guerra e documentários que exaltavam o racismo e a xenofobia. Na foto ao lado, a propaganda nazista mostra a amizade entre uma mulher "Ariana" e uma negra, que como o título diz: "O resultado! A perda do orgulho racial.". Os primeiros longas tiveram temas ideológicos com o objetivo de ressaltar a militância partidária. Nos temas de guerra, o cinema nazista vangloriava o heroísmo do regime e a brutalidade do inimigo, que eram principalmente os ingleses e os russos. Os ingleses eram apresentados como fracos e ridículos, já os russos eram brutos e alcoólicos. Os filmes nazistas também retratavam os judeus como seres "sub-humanos" que se infiltraram na sociedade ariana;  por exemplo, o filme de 1940, “O Eterno”, dirigido por Fritz Hippler, que retratava os judeus como parasitas culturais ambulantes, consumidos pelo sexo e pelo amor ao dinheiro. Alguns filmes, como “O Triunfo da Vontade”, de 1935, de Leni Riefenstahl, exaltava Hitler e o movimento Nacional Socialista. Duas outras obras de Leni, “O Festival das Nações” e “Festa da Beleza” (1938), mostraram os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, promovendo o orgulho nacional com o sucesso do regime nazista naqueles Jogos.

Na música, o regime nazista proibiu certos estilos de música, como o jazz, mas, sobretudo excluiu os músicos judeus, a partir da década de 1930, que tinham um importante papel na vida musical da Alemanha.  A principal vítima da ideologia nazista foi a chamada música de vanguarda. Extirparam a música experimental, pois esta não se prestava à mobilização das massas. Para conquistar o apoio popular, a ideologia nazista privilegiou os coros masculinos e as grandes óperas de Wagner e outros compositores alemães.

Outra fonte de propaganda utilizada foram os cartazes utilizados principalmente no espaço urbano. Geralmente apresentavam cores fortes, inclusive o vermelho, com destaque para o fundo da bandeira do partido.

Os discursos ideológicos também são considerados por propagarem os ideais do Partido Nazista. Eles possuíam um forte impacto emocional e eram transmitidos pelo rádio para toda a nação. Sob a camuflagem de sua propaganda – comunidade do povo ou Volksgemeinschaft –, Hitler e Goebbels, como oradores persuasivos, excitaram as multidões com os seus discursos ardentes.
 
A propaganda nazista também preparava o povo para uma guerra, insistindo em uma perseguição, real ou imaginária, contra as populações étnicas alemãs que viviam em antigos territórios germânicos conquistados após a Primeira Guerra Mundial. Estas propagandas procuravam gerar lealdade política e uma “consciência racial” entre as populações de etnia alemã que viviam no leste europeu, em especial Polônia e Tchecoslováquia. Outro objetivo da propaganda nazista era o de mostrar a uma audiência internacional, em especial as grandes potências européias, que a Alemanha estava fazendo demandas justas e compreensíveis sobre suas demandas territoriais.

 Cartaz de propaganda nazista adverte os alemães sobre os perigos dos "subumanos" do leste europeu. Alemanha, data incerta.
Cartaz de propaganda nazista adverte os alemães sobre os perigos dos "sub-humanos" do leste europeu. Alemanha, data incerta.

Bibliografia
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005202
http://www.infoescola.com/historia/a-propaganda-nazista/
http://nazismo.netsaber.com.br/index.php?c=207
http://www.brasilescola.com/historiag/propagandanazista.htm
http://comunicacaomilitante.blogspot.com.br/2006/05/propaganda-nazista-e-marketing-moderno.html
http://www.fae.br/cur_publicidade/Literaturas/2006/Propaganda Nazista.pdf


segunda-feira, 12 de março de 2012

Influências da Escola de Frankfurt no nazismo

A Escola de Frankfurt foi fundada em 1921 por um empresário judeu-alemão e foi anexada a Universidade de Frankfurt. Tinha a intenção de ser um tipo de usina de ideias dedicado a trabalhos em problemas de labor, socialismo e Marxismo. Entretanto, o Marxismo da escola não era de nenhuma forma tradicional.

O marxismo da Escola de Frankfurt era chamada de critica, e por dois motivos. A primeira era que ela não aderia às noções tradicionais de determinismo político e econômico, pelo contrário, adotou uma visão mais complexa dos problemas econômicos. O segundo, era profundamente critico do capitalismo moderno e cultura consumista. Foi fortemente influenciada pelas escritas de Marx, textos que foram naquela época se tornando mais lidos entre estudantes e intelectuais.

Max Horkheimer se converteu no diretor do instituto em 1930. Seu órgão de publicação foi a Revista de Investigação Social, inicialmente editada em Leipzig e, posteriormente, com o auge do regime nazista em Paris. A Escola reuniu marxistas dissidentes, severos críticos do capitalismo que acreditavam que alguns dos denominados seguidores das ideias de Karl Marx só utilizavam uma pequena porção das ideias dele, geralmente em defesa dos partidos comunistas mais ortodoxos. Influenciados também pelo surgimento do nazismo em uma nação tecnológica, cultural e economicamente avançada como a Alemanha e o fracasso das revoluções trabalhistas na Europa Ocidental, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial, que tomaram como tarefa encontrar as partes do pensamento marxista que pudessem servir para clarificar condições sociais que Marx não pôde ter visto ou predito.

Mesmo em meio a essa admiração pelo marxismo, Horkheimer vê sua fé nas teorias marxistas abalar-se devido a dois momentos históricos cruciais: a ascensão do nazismo na Alemanha e a implantação do socialismo real nos países do leste europeu. Com lucidez, o filósofo pondera que ambos os regimes representam formas totalitárias que privilegiam a lógica instrumental em detrimento de uma verdadeira emancipação humana à medida que sufocam a liberdade individual. Não obstante tais fatos, Horkheimer não abre mão da Teoria Crítica, advogando sua necessidade como instrumento emancipatório.

Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt





Bibliografia:


http://atheism.about.com/library/glossary/general/bldef_frankfurtschool.htm
http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/gt4/05.pdf
http://www.ukapologetics.net/truthaboutnietzsche.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Escuela_de_Fr%C3%A1ncfort